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Chapter 13 - As Garras dos Leo'kars

A noite caiu como um manto pesado sobre a clareira.

O cansaço do dia me arrastou para um sono profundo — daqueles sem sonhos, onde o corpo simplesmente apaga.

Mas a paz não durou muito.

Um barulho violento cortou o silêncio da floresta.

Acordei assustado.

Folhas sendo rasgadas. Galhos estalando.

Algo grande se aproximava.

Antes que pudesse me orientar, um rugido ensurdecedor rasgou o ar.

A lona da barraca explodiu em pedaços, e então eu vi.

Uma criatura gigantesca invadiu nosso acampamento.

Tinha corpo de homem, mas coberto por uma densa pelagem dourada.

Musculoso como uma montanha viva.

Sua cabeça era a de um leão, e os olhos, brilhantes e selvagens, refletiam a luz da lua.

Um Leo'kar.

Mas não qualquer Leo'kar.

Pelos movimentos agressivos e a aura opressora, era um dos Caçadores — os guerreiros da raça.

Com um rosnado gutural, ele ergueu a garra direita e a desferiu no ar.

Dela explodiu uma lâmina de vento cortante, fina como navalha, mas forte o bastante para derrubar um grupo de árvores a dezenas de metros de distância.

O chão tremeu.

Eu rolei para o lado instintivamente, sentindo o ar cortado zunir ao meu lado.

"Se tivesse me acertado..."

Outro golpe veio, com velocidade absurda.

Eu não teria chance.

Foi então que Baek Hojin surgiu.

Rápido como um raio, ele interceptou o caminho entre mim e o Leo'kar.

Com um leve giro de quadril, esquivou da garra com precisão milimétrica.

O Leo'kar rosnou, lançando outra sequência de cortes de vento.

Mas Hojin apenas flutuava entre os ataques, desviando com uma facilidade irritante.

Como se já soubesse exatamente onde cada golpe ia acertar.

— Típico Leo'kar de batalha — murmurou, mais para si mesmo. — Especialidade em "Garras Cortantes"...

Provavelmente nível mediano.

Outro ataque veio, brutal.

Hojin abaixou-se, esquivando por um fio.

Seus olhos se estreitaram, avaliando.

E então, pela primeira vez, suspirou fundo.

— Certo.

Você me dá permissão.

A atmosfera mudou.

O próprio ar pareceu se curvar diante dele.

Baek Hojin ergueu o braço, e uma aura branca prateada explodiu de seu corpo.

Marcas surgiram em sua pele — listras longas, como se a essência de um tigre mítico estivesse acordando dentro dele.

O chão tremeu.

O vento parou.

E uma voz baixa saiu de sua garganta:

— Despertar do Tigre Celestial Branco.

O Leo'kar hesitou, sentindo a mudança.

Tarde demais.

Num piscar de olhos, Hojin desapareceu.

Quando meus olhos finalmente focaram, ele já estava atrás do Leo'kar.

Com um simples toque — um golpe de palma — acertou as costas da criatura.

O impacto criou uma onda de choque que varreu a clareira.

O Leo'kar foi lançado como uma pedra, atravessando duas árvores antes de se esparramar no chão, inconsciente.

A poeira baixou.

Hojin endireitou-se, estalando os ombros.

As listras brancas ainda brilhavam sob a pele.

— Fraco — resmungou.

Eu me ajoelhei, ainda tremendo.

Tinha acabado de ver algo que ultrapassava completamente minha compreensão.

Não era força comum.

Era força de lenda.

Baek Hojin se aproximou, com um sorriso de canto de boca.

— E aí, garoto?

Preparado pra treinar amanhã... sabendo que coisas assim te caçam até no sono?

Sua voz era leve.

Mas suas palavras pesavam como uma sentença.

O mundo da Terra Espelhada era cruel.

E para sobreviver...

eu precisava me tornar muito mais do que era agora.

Precisava me tornar um caçador.

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