Cherreads

Chapter 16 - Você Ainda Quer Esse Caminho?

O cheiro de sangue encharcava o ar.

O Leo'kar estava morto, espalhado no chão em pedaços grotescos.

Eu mal conseguia respirar.

Minhas pernas tremiam.

Meus punhos estavam cerrados com força.

E então vi.

Baek Hojin caminhava até mim.

Cada passo dele deixava um rastro de sangue no chão.

Seu corpo era um mosaico de cortes profundos e hematomas.

Os olhos, no entanto, não mostravam dor.

Mostravam apenas... resignação.

[Detecção de estado crítico.]

[Verificando possibilidade de cura...]

[Condição: Instalação de Sistema completa = 0%]

[Recursos atuais: Nenhum método de cura disponível.]

A mensagem piscou fria diante dos meus olhos.

Sem sistema.

Sem habilidades de suporte.

Nada.

Eu... não podia fazer nada por ele.

Nada além de assistir.

Hojin parou à minha frente.

Tinha o rosto ensanguentado, mas um pequeno sorriso cansado brincava nos cantos da boca.

Ele respirou fundo, como se juntasse forças.

Então falou, com voz rouca:

— É isso que o mundo daqui é, garoto.

— Cruel. Sujo. Sem piedade.

O vento soprou, carregando o cheiro metálico de morte.

Hojin olhou para trás, para o corpo destroçado do Leo'kar.

— Não somos heróis aqui. Não somos salvadores.

— Somos apenas sobreviventes... num mundo que já esqueceu o que é compaixão.

Ele se ajoelhou lentamente, as mãos trêmulas pressionando a perna ferida.

Seus olhos se fixaram nos meus.

Firmes.

Cortantes.

— Agora me diga...

— Você ainda quer esse caminho?

As palavras dele cortaram mais fundo do que qualquer garra poderia.

Eu hesitei.

As imagens da batalha brutal passavam diante dos meus olhos.

O rugido de dor.

O sussurro final.

Sha'ree.

O amor... perdido para sempre.

Meu estômago embrulhou.

Minhas mãos suaram frio.

Uma parte de mim gritava para fugir.

Correr de volta para casa.

Para minha irmã.

Para um mundo onde a morte não estava à espreita a cada esquina.

Mas outra parte — uma mais profunda, cravada no fundo da minha alma — dizia que esse era o único caminho.

O único jeito de mudar algo.

De protegê-la.

De proteger a mim mesmo.

De me tornar forte o bastante para nunca mais perder ninguém.

Eu olhei para Hojin.

Respirei fundo.

E mesmo com medo, mesmo tremendo, mesmo encharcado de dúvidas, respondi:

— Sim.

Por um instante, pensei ver um brilho orgulhoso nos olhos dele.

Ou talvez fosse apenas o reflexo do sangue.

Hojin deu uma risada baixa, quase imperceptível.

— Então se prepare, garoto... — murmurou — porque daqui pra frente... só piora.

Ele se levantou com dificuldade.

Olhando para o céu vermelho-alaranjado daquele mundo cruel.

E pela primeira vez, senti que uma porta havia se aberto.

Uma porta que não poderia mais ser fechada.

No fundo da minha mente, uma nova mensagem surgiu.

[Sincronização concluída.]

[Instalação do Sistema iniciada.]

[Bem-vindo, Caçador.]

O destino estava selado.

E eu havia escolhido esse inferno... de olhos abertos.

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