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Chapter 19 - Ainda no Grande Salão.

O rei Adam ,após um breve período ,retorna com sua família ao salão ,após alguns instantes .

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Ainda no Grande Salão

O silêncio após a revelação pairava como uma sentença. Até que os passos de Erizy ecoaram firmes pelo mármore. Ele surgiu entre os nobres com sua postura arrogante, vestindo as cores da Serpente: verde-escuro e dourado.

Parou diante de todos, o olhar fixo em Kátyra.

— A verdade é mais simples do que parece — disse, com um meio sorriso. — O filho é meu.

Um murmúrio se espalhou como uma onda.

— A princesa e eu compartilhamos... noites interessantes na Prisão de Espelhos. Ela pode negar, mas seu corpo não.

— MENTIRA! — Kátyra se levantou, furiosa, mas Dimitry segurou seu braço.

Erizy ergueu a mão. Um servo trouxe um artefato envolto em veludo escarlate. Ao abrir, revelou um espelho circular de prata negra com inscrições antigas.

— A Relíquia de Vykarion — anunciou ele. — Forjada com fragmentos do Véu. Capaz de revelar a linhagem de qualquer vida que cresça no ventre.

Adam deu um passo à frente, os olhos frios.

— Mostre.

Erizy tocou o espelho e murmurou palavras esquecidas. A superfície brilhou, e então imagens flutuaram acima: uma árvore genealógica começando com Kátyra... e entrelaçando-se com o nome de Erizy. O símbolo da Serpente brilhou em dourado.

Tharion, que observara tudo em silêncio do fundo do salão, recuou um passo.

A expressão dele desfez-se. Os olhos buscaram os de Kátyra, mas ela não conseguiu sustentá-los.

Sem dizer uma palavra, Tharion virou-se e deixou o salão, a capa esvoaçando atrás de si como uma sombra cortada.

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Câmara Privada — Após o banquete

Adam, Dimitry e Cora estavam com Kátyra em um aposento protegido por encantamentos. A atmosfera era densa, o ar carregado de angústia e incredulidade.

Kátyra estava sentada, tremendo. Dimitry ajoelhou-se à frente dela.

— Filha... por favor. Diga-nos a verdade.

Ela inspirou fundo. Seus olhos se encheram de lágrimas.

— Eu fui levada. Algemada... entorpecida por encantos. As primeiras noites... não lembro quase nada. Só o frio. As correntes. As risadas dele.

Cora levou a mão à boca, os olhos inundados.

— Depois... ele me forçava a chamá-lo de príncipe. Dizia que ia me transformar na rainha das trevas. Que o filho seria um troféu... e uma arma. — A voz dela falhou. — Eu lutei. Mas fui quebrada. Repetidamente.

Dimitry chorava em silêncio, os punhos cerrados.

Adam, imóvel como uma estátua de guerra, fechou os olhos por um instante. Quando os abriu, era como se cada século de sua vida estivesse concentrado no olhar.

— Mesmo assim... — disse, com a voz grave como trovão — teremos de seguir com o casamento.

— O quê? — gritaram Dimitry e Cora ao mesmo tempo.

Adam virou-se para a neta.

— O povo viu o espelho. O Conselho já julga. Se ela não se casa com Erizy, perderemos o apoio da maioria dos clãs. O Norte cairá. Nós cairemos.

Kátyra caiu de joelhos.

— Vovô, por favor...

Adam ajoelhou-se diante dela e segurou seu rosto com delicadeza.

— Eu amo você, minha menina de prata. Mas às vezes... o amor é mais cruel que a guerra.

Dimitry se levantou num salto, furioso.

— Isso é traição à própria linhagem! Você está vendendo a sua neta!

Adam olhou para ele com uma calma devastadora.

— Estou tentando garantir que ela ainda tenha um trono. E um futuro.

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