O sequestro de Tony Stark pairava como uma sombra sobre as notícias, mas no meu quarto, um novo tipo de treinamento havia começado. As lesmas, inicialmente uma fonte de choque e admiração, agora eram meus companheiros, cada uma com suas peculiaridades e potenciais únicos. Burpy, a pequena Infurnus, era a mais ativa, deixando rastros de calor onde quer que rastejasse. A Tazerling liberava pequenas cargas elétricas quando excitada, fazendo meus pelos se arrepiarem.
A Besta Mecha, Verdant, era o maior desafio. Era imensa demais para ficar permanentemente no meu quarto. Com cuidado e alguma dificuldade, consegui guiá-la para fora pela janela (felizmente morávamos no térreo e tínhamos um pequeno jardim nos fundos). Era surpreendente como ela se movia suavemente, apesar de seu tamanho. Deixei-a escondida sob a densa folhagem de uma árvore grande, cobrindo-a com alguns arbustos para camuflá-la temporariamente. Precisava encontrar um lugar mais seguro para Verdant a longo prazo, mas por enquanto, ali estava relativamente escondida.
Com o equipamento de lançador e o cinto de frascos, comecei a experimentar. Cada frasco parecia projetado para conter uma lesma específica, com pequenos mecanismos internos que provavelmente ajudariam no lançamento. A mochila era espaçosa, com compartimentos individuais para cada criatura.
Meu primeiro desafio foi aprender a "carregar" uma lesma no lançador. Com cuidado, coloquei Burpy em um dos frascos. O frasco se encaixou no lançador com um clique suave. Mirei em uma lata vazia no meu quintal e, seguindo uma intuição baseada no que vi no trailer do jogo, pressionei um botão no lançador.
Um jato de energia impulsionou o frasco, e Burpy saiu disparado, transformando-se em uma pequena bola de fogo ao atingir o alvo. A lata foi arremessada para trás com um baque. Meus olhos brilharam de excitação. Funcionava!
Passei o resto da tarde experimentando com as outras lesmas. A Tazerling liberava um raio de eletricidade que estalava no ar. A Blastipede explodia em uma pequena onda de choque ao atingir uma superfície. Cada lesma tinha um poder único e uma forma diferente de se manifestar ao ser lançada.
Controlar a transformação das lesmas de sua forma "lesma" para sua forma "energizada" durante o lançamento exigia prática. Às vezes, elas se transformavam tarde demais, outras vezes cedo demais, resultando em disparos imprecisos ou efeitos desperdiçados.
A jaqueta de couro do tio Evan provou ser surpreendentemente útil durante o treinamento. Era resistente e oferecia uma camada extra de proteção contra as pequenas explosões e descargas elétricas acidentais.
Percebi que cada lesma tinha uma personalidade distinta. Burpy era curiosa e enérgica, sempre rastejando e piando. A Tazerling era mais reservada, liberando pequenas cargas elétricas quando se sentia ameaçada ou animada. A Blastipede era temperamental, explodindo com facilidade mesmo em espaços pequenos (aprendi essa lição rapidamente, causando um pequeno estrondo no meu quarto que me rendeu um olhar severo da mamãe).
Com o passar dos dias, meu controle sobre o lançamento das lesmas melhorou gradualmente. Comecei a entender os tempos de transformação, a trajetória dos disparos e a quantidade de energia necessária para cada habilidade. Verdant permanecia escondida no jardim, esperando o dia em que eu encontraria um lugar seguro para ela.
Enquanto isso, as notícias sobre Tony Stark continuavam sombrias. Não havia sinais dele, e a comunidade heroica estava cada vez mais preocupada. O mundo parecia estar à beira de algo grande, e eu, um aspirante a herói com um arsenal de criaturas subterrâneas, estava no meio de tudo isso. Meu treinamento com as lesmas não era apenas uma diversão; era uma necessidade. Eu precisava aprender a dominar esses poderes inesperados, pois sentia, no fundo do meu coração, que eles poderiam ser importantes no futuro. Aquele presente do Sr. Marvel, aquela invasão de Slugterrâneo, não parecia ser aleatória. Era como se o cânone do meu mundo tivesse se expandido, e eu, de alguma forma, fazia parte dele.