Cherreads

Chapter 34 - Uma Promessa Silenciosa

O cheiro de terra molhada e ervas medicinais ainda pairava no ar.

Já fazia algumas horas desde que eu tinha acordado.

Depois de comer alguma coisa simples no refeitório improvisado — uma sopa quente feita pelos Anurans —, decidi caminhar um pouco pela vila.

As pequenas casas de barro e madeira, os sapos trabalhando juntos para reconstruir o que havia sido destruído... era estranho ver tudo tão vivo, tão grato.

Por onde eu passava, os olhares me acompanhavam.

Não havia mais hostilidade.

Agora, eles me olhavam como um herói.

Caminhei até a borda da vila, observando o lago espelhado que brilhava à luz do sol falso deste mundo.

Respirei fundo.

Tudo parecia... diferente.

Eu também estava diferente.

Depois de um tempo, senti que era hora de voltar.

"Provavelmente o mestre está no acampamento", pensei.

E acertei.

Ele estava lá, como sempre, sentado de pernas cruzadas diante de uma pequena fogueira, os olhos fechados em meditação.

Quando percebeu minha aproximação, abriu os olhos devagar.

— Já se recuperou? Faz menos de duas horas que te vi… — perguntou com um leve sorriso no canto da boca.

Antes que eu respondesse, ele acrescentou:

— Alias… você precisa ver sua irmã. Não pode se esquecer dela.

Meu coração apertou.

Assenti, sem dizer nada, e passei pelo portal de volta para a Terra.

O ar da cidade me recebeu como um soco no rosto — poluído, frio e cinzento.

Fui direto para o pequeno apartamento onde Eunha estava.

A senhora que cuidava dela abriu a porta com um sorriso cansado.

— Ora, Joonwoo! — ela disse, feliz. — Você está mais forte, hein?

Retribuí o sorriso com uma expressão tímida.

— Só estou tentando sobreviver — brinquei.

Entrei e fui direto para o quarto.

Lá estava ela, minha irmã, ainda adormecida, ligada aos equipamentos improvisados que a mantinham estável.

A senhora ajeitava os lençóis com cuidado.

— Como estão as coisas, querido? — ela perguntou baixinho.

Me sentei ao lado da cama, acariciando os cabelos finos de Eunha.

— Estou indo bem — respondi. — Conheci um novo amigo. Um pouco estranho, mas... estamos nos ajudando.

Ele está ficando forte também.

Abri o celular e olhei minha conta bancária.

300 mil wons.

Sem hesitar, transferi metade — 150 mil — para a conta da senhora.

— Use para os remédios, para a comida... e fique com uma parte também, por favor — pedi, com sinceridade.

Ela olhou para mim, emocionada, com lágrimas contidas nos olhos.

— Você é um bom menino, Joonwoo. Muito melhor do que este mundo merece.

Sorri, um pouco envergonhado.

— Só estou tentando fazer o mínimo.

Fiquei ali mais um tempo, conversando sozinho, prometendo a mim mesmo que logo ela acordaria... e veria o irmão dela de verdade, forte e capaz.

Quando voltei o céu já estava tingido de dourado.

O mestre continuava no acampamento, como se nem tivesse se movido desde que parti.

Assim que me viu, abriu um sorriso leve e perguntou:

— E então... quer continuar o treinamento?

Olhei para o céu falso, para o acampamento, para a vila movimentada... e para minhas próprias mãos.

Ainda sentia o peso do que tinha feito.

Mas também sentia algo mais forte queimando dentro de mim.

A vontade de seguir em frente.

— Sim — respondi, sem hesitar.

O caminho à frente seria duro.

Mas agora... eu não estava mais sozinho.

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