O caçador Rank C avançou.
Rápido demais para que eu sequer reagisse.
Um borrão de ódio.
Eu mal tive tempo de erguer os braços em defesa antes que a destruição caísse sobre mim...
Mas não caiu.
No instante em que ele cruzou a linha imaginária do acampamento, o mestre moveu-se.
Sem aviso.
Sem esforço aparente.
Um estalo seco cortou o ar.
O punho do caçador foi parado — com dois dedos.
A terra tremeu sob o impacto contido.
O caçador arregalou os olhos, incrédulo, tentando forçar o golpe adiante, mas era inútil.
O mestre o olhou como quem encara uma criança fazendo birra.
— Está procurando briga... com a pessoa errada — disse, sua voz firme como pedra antiga.
Por um segundo, ninguém se moveu.
Nem mesmo o vento ousava soprar.
O caçador grunhiu de frustração, recuando alguns passos, seus olhos faiscando raiva.
Ele sabia.
Não podia vencer ali.
Não contra ele.
Mas também não desistiria tão fácil.
— Isso não acabou — rosnou, apontando um dedo sujo de sangue na minha direção. — Me chamo Kwon Daejin. Você matou meu irmão. E eu vou terminar o que ele começou.
Senti o peso da promessa pairar no ar.
Mas o mestre apenas sorriu — um sorriso frio e desafiador.
— Então seja justo — ele disse, os olhos semicerrados. — Dê-lhe tempo. Quando ele estiver mais forte... quando puder ao menos erguer a cabeça diante de você... aí sim, lute.
Ou você vai carregar a vergonha de esmagar um fraco para sempre.
Kwon Daejin cerrou os punhos.
Sua honra foi ferida mais do que qualquer ferimento físico.
— Uma semana — cuspiu ele, com ódio e dignidade misturados. — Uma semana para se preparar. Depois disso, não haverá piedade.
Virou-se, seus passos pesados ecoando pela floresta.
Logo, sua presença opressora desapareceu entre as árvores, deixando apenas o eco de sua promessa de morte.
Eu caí de joelhos, ofegante, sentindo o suor frio na testa.
O mestre se aproximou e colocou uma mão em meu ombro.
— Uma semana — ele repetiu, a voz baixa. — Vamos fazer isso valer.
Olhei para cima.
Para o céu falso.
Para o horizonte onde o inimigo desaparecera.
O medo ainda estava lá.
Mas acima dele... havia algo maior.
Determinação.
"Em uma semana..."
Apertei os punhos com força.
"Eu vou ser forte o bastante."
Por mim.
Pelo Anuran.
Por Eunha.
E pela promessa que agora selava meu destino.
Mal sabia eu que o verdadeiro inferno começaria agora.