O som da fogueira morrendo foi a primeira coisa que ouvi ao acordar.
Abri os olhos devagar, o corpo ainda pesado do treino da noite anterior, mas a mente... estava estranhamente clara.
Hoje seria diferente.
Me levantei sem hesitar.
O mestre já me esperava.
Sem palavras, começamos.
Corridas em volta do lago.
Combates corpo a corpo.
Treinos de manipulação de energia.
Cada golpe, cada queda, cada respiração ofegante era um passo a mais no caminho que eu havia escolhido.
Caí, levantei.
Cortei a palma da mão em uma pedra, sangrei, ignorei.
As horas passaram como borrões de suor e dor.
Eu estava ficando mais rápido.
Mais resistente.
Mais focado.
O mestre, em seu silêncio impassível, parecia satisfeito, mas não disse nada.
Era como se dissesse: "Se você quer ser forte, apenas continue."
O sol falso já estava se pondo no horizonte pintado do mundo espelhado quando senti.
Um tremor.
Fraco, no começo.
Depois, o chão vibrou sob meus pés.
O mestre abriu os olhos, sua expressão endurecendo.
Algo estava errado.
Muito errado.
Então, uma figura surgiu além da linha das árvores.
Alto.
Largo.
Caminhando com passos lentos, mas pesados, como se o próprio mundo cedesse sob seu peso.
Seus olhos brilhavam com pura fúria.
E em seus braços...
— Não... — murmurei, a garganta seca.
Era o Anuran.
Meu amigo.
Surrado.
Sangrando.
Gemendo fracamente.
— Joon... woo... — a voz dele era um sussurro quebrado.
Meu sangue gelou.
O mestre ao meu lado arqueou o rosto numa careta — a primeira expressão de verdadeira irritação que eu já tinha visto nele.
O novo inimigo parou a alguns metros de distância.
Sua aura era sufocante.
O sistema piscou imediatamente na minha frente:
[ Análise de Ameaça: Rank C — Nível 50 ] Status: EXTREMAMENTE PERIGOSO Recomenda-se: Fugir ou buscar reforços
— Você... — a voz do homem era uma rocha quebrando. — Matou meu irmão.
Meu coração bateu com força.
Kwon Hyeok.
Ele era o irmão de Kwon Hyeok.
Eu engoli em seco, tentando manter a calma.
O homem jogou o Anuran no chão como se fosse lixo.
O pequeno corpo do meu amigo rolou na poeira, gemendo de dor.
Senti algo quente crescer dentro de mim.
Raiva.
Medo.
Culpa.
Tudo misturado.
O Rank C deu um passo à frente, sua presença esmagando tudo ao redor.
— Agora... você vai pagar.
O mestre apenas cruzou os braços, sem mover um músculo.
Mas eu sabia.
Dessa vez... se eu quisesse sobreviver — e proteger meu amigo —, teria que lutar.
Mesmo contra um monstro.
Mesmo que custasse tudo.
Fechei os punhos, o coração batendo no ritmo da guerra.
"Não vou fugir."
Nunca mais.