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Chapter 64 - Capítulo 64: Parte 3 - Sombras em Asgard

A ausência de Odin pairava sobre Asgard como uma sombra fria. No Salão de Festas, onde antes ecoavam risos e canções de bravura, reinava um silêncio desconcertante. Loki, sorrateiramente, ocupava o trono, seu olhar escorregadio percorrendo os nobres asgardianos reunidos. Sua voz, habitualmente melíflua, ecoava com uma autoridade forçada, tentando preencher o vazio deixado pelo Pai de Todos.

Sif e os Três Guerreiros – Volstagg, o corpulento e jovial; Fandral, o elegante e audacioso; e Hogun, o taciturno e leal – trocavam olhares preocupados. A mudança repentina no comportamento de Loki não passava despercebida. Seus decretos eram erráticos, suas ordens, ambíguas. A atmosfera de segurança e prosperidade que Odin cultivara começava a se dissipar, dando lugar a uma crescente ansiedade.

"Meu regente", Sif começou, sua voz firme cortando o discurso de Loki sobre a "nova era de Asgard", "há rumores de agitação nas fronteiras de Vanaheim. Patrulhas relatam avistamentos incomuns."

Loki franziu a testa, um traço de irritação cruzando seu rosto normalmente impassível. "Rumores, Lady Sif? Preocupações infundadas, sem dúvida. Asgard está segura sob minha vigilância."

Fandral deu um passo à frente, seu sorriso charmoso não alcançando seus olhos. "Com todo o respeito, Loki, as patrulhas de Sif são confiáveis. E há também relatos de estranhas perturbações energéticas, sentidas mesmo aqui nos salões."

Volstagg assentiu vigorosamente, fazendo suas placas de armadura tilintarem. "É verdade! Sinto um calafrio percorrendo o ar, como se algo... estivesse fora do lugar."

Hogun permaneceu em silêncio, seus olhos escuros fixos em Loki, avaliando cada uma de suas reações.

Loki suspirou, forçando um semblante de paciência. "Vocês são guerreiros valorosos, mas às vezes sua bravura os leva à paranoia. Essas são apenas flutuações menores, preocupações triviais que não exigem a atenção do regente. Confiem em mim, eu cuidarei de Asgard."

Por dentro, no entanto, a mente de Loki fervilhava. Seus planos estavam em andamento, tecidos com fios de engano e ambição. A ausência de Odin era crucial para sua ascensão, e ele faria de tudo para mantê-la em segredo. As perguntas persistentes de seus companheiros eram um incômodo, uma ameaça potencial à sua cuidadosamente construída fachada.

Enquanto isso, longe de Asgard, em Midgard, Thor lutava com sua nova realidade. Banido e despojado de seu poder, ele experimentava a fragilidade e a beleza do mundo mortal. Através de Jane Foster e seus amigos, ele começava a compreender valores que antes lhe eram estranhos: a humildade, a compaixão e o sacrifício.

A notícia de seu banimento havia chegado a Asgard através de sussurros e boatos, alimentando ainda mais a desconfiança em relação a Loki. Sif e os Três Guerreiros sentiam a falta do amigo leal e do príncipe impulsivo, mesmo com suas falhas. Eles não conseguiam conciliar a imagem do Thor que conheciam com a decisão severa de Odin.

Em um momento de privacidade, Sif confrontou Loki diretamente. "Onde está Thor? Por que Odin o baniu? Ele cometeu algo tão terrível a ponto de merecer ser despojado de seu poder?"

Loki desviou o olhar, sua expressão evasiva. "Odin tomou sua decisão. A justiça do Pai de Todos é insondável. Thor precisava aprender uma lição, ponderar sobre sua imprudência."

"Imprudência?", Sif retrucou, sua voz carregada de incredulidade. "Thor sempre foi impetuoso, mas seu coração sempre foi nobre. Algo não está certo, Loki."

Loki cerrou os punhos sob as vestes, lutando para manter a compostura. "Você questiona a autoridade de Odin? Questiona a minha regência?" Sua voz ganhou um tom ameaçador.

Sif não se intimidou. "Questiono as circunstâncias. Questiono sua crescente influência e o silêncio que envolve a partida de Odin e o banimento de Thor."

O confronto terminou sem respostas satisfatórias, mas a semente da dúvida havia sido plantada. Sif e os Três Guerreiros começaram a investigar secretamente, buscando pistas sobre o paradeiro de Odin e os verdadeiros motivos por trás das ações de Loki. Eles sentiam que algo sombrio estava se instalando em Asgard, uma trama tecida nas sombras da ausência do seu rei. Mal sabiam eles que a ameaça era ainda maior e mais iminente do que imaginavam, e que o retorno do trovão seria a única esperança para restaurar a luz em Asgard.

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