Cherreads

Chapter 36 - Obstáculo para o Oeste (2)

Movendo-se através da areia cinzenta e montes de folhas caídas, um monstro colossal descia a colina.

Sunless engoliu em seco, o semblante se tornando sombrio.

A criatura tinha o tamanho de uma casa, suas oito pernas segmentadas parecendo pilares maciços. Seu corpo lembrava os carcaceiros e centuriões — uma fusão de carapaça de caranguejo e um tronco saliente, vagamente humanoide. Mas ali terminavam as semelhanças.

Em vez de quitina, sua carapaça parecia feita de metal polido, como se tivesse sido submersa em aço derretido e emergido envolta em uma armadura brilhante e impenetrável.

A luz do sol refletia na superfície cromada, criando o brilho intenso que Sunless havia notado antes. Massivo, mas estranhamente elegante, o monstro lembrava um cavaleiro de aço. E Sunless juraria ter visto sete estrelas esculpidas em seu peito.

No entanto, aquele cavaleiro estava corrompido.

Sua presença irradiava uma aura sinistra, como um demônio invocado para semear morte e carnificina.

A armadura polida era coberta de longos espinhos irregulares, e seu tronco humanoide possuía quatro braços: dois terminavam em pinças poderosas, os outros, em foices aterrorizantes.

A cabeça era mais pronunciada que a de um carcaceiro, coroada por chifres afiados. Seu rosto metálico possuía um traço quase humano, mas distorcido, monstruoso. Apenas olhar para ele fazia a pele de Sunless se arrepiar.

'Aquela coisa… é assustadora.'

Fosse o que fosse, sua posição na hierarquia da Legião da Carapaça claramente superava a dos centuriões — quem dirá dos carcaceiros comuns. Era um degrau acima na evolução da espécie. Um General? Comandante? Como eram chamados… Legados? Pretorianos?

Prendendo a respiração, Sunless observou enquanto o Demônio da Carapaça descia do Túmulo Cinzento. Parando diante do fragmento de alma transcendente, lançou um olhar breve ao centurião ajoelhado.

A criatura menor encolheu-se sob aquele olhar, aterrorizada. Sunless compreendia perfeitamente o sentimento, pois instintivamente fez o mesmo quando os olhos do gigante passaram rapidamente pelo esconderijo de sua sombra.

Ignorando o centurião, o Demônio pegou o cristal cintilante e, sem hesitação, retornou à sombra dos galhos da árvore colossal.

Sunless exalou devagar.

"Sunny? O que está acontecendo?"

Ele se virou para Cássia, cujo rosto estava tomado por preocupação e curiosidade. Depois de um breve silêncio, respondeu:

"Há uma nova ameaça. Fique em silêncio um pouco mais, eu explico depois."

Nos pés da colina, o Centurião da Carapaça finalmente começou a se erguer.

Sunless hesitou.

Precisava segui-lo para garantir que não passasse perto do esconderijo deles no caminho de volta ao labirinto. Mas, ao mesmo tempo, a curiosidade queimava em sua mente. O que o Demônio da Carapaça estava fazendo no topo do Túmulo Cinzento?

Não havia tempo para pensar.

Tomando uma decisão precipitada, Sunless enviou sua sombra deslizando sobre a areia cinza. Ela evitou habilmente os olhos do centurião e, em segundos, já escalava a colina.

'Apenas uma olhada. Só uma.'

Escondida na sombra projetada pela coroa escarlate da majestosa árvore, a sombra deslizou colina acima até o ponto onde o Demônio desaparecera.

O cume do Túmulo Cinzento estava coberto por folhas caídas. Era imenso, vasto como uma ilha. Mas os rastros deixados pelas pernas colossais do monstro eram fáceis de seguir.

Eles levavam ao centro da ilha, onde o tronco descomunal da árvore de obsidiana se erguia, suas largas raízes se estendendo em todas as direções.

O Demônio estava lá, parado sob a árvore, observando seus galhos mais baixos. O fragmento transcendente ainda repousava em sua pinça.

'O que ele está olhando?'

A sombra seguiu seu olhar e notou várias frutas redondas e suculentas pendendo entre as folhas escarlates. Uma delas parecia especialmente madura.

De repente, o Demônio soltou o fragmento de alma na areia. Ignorando-o completamente, ergueu seu corpo, estendeu a pinça e agarrou a fruta, puxando-a com delicadeza.

O galho cedeu sem resistência. Segurando o fruto como algo frágil e precioso, a criatura abaixou-se lentamente e, com extremo cuidado, deu uma mordida.

'Ele… está comendo frutas? Essa abominação é vegetariana?!'

Perplexo, sem saber o que pensar, Sunless ordenou que sua sombra recuasse. O tempo estava se esgotando. Se quisesse alcançar o centurião, teria que se apressar.

Deslizando entre as folhas caídas, a sombra desceu do Túmulo Cinzento e seguiu na direção do labirinto, alcançando o monstro em retirada.

'Ufa.'

Sunless observou atentamente, garantindo que o centurião não tomasse um caminho que os colocasse em risco. Só então permitiu-se relaxar… um pouco.

Esperou até que o monstro desaparecesse antes de se erguer lentamente.

"É seguro sair agora."

Ariandel se afastou com elegância. Nephis e Cássia se levantaram, e se alongaram.

Foi só então que Sunless percebeu o quão próximos haviam ficado enquanto se escondiam. Por um breve instante, sentiu as bochechas esquentarem.

'Isso foi… uh… uma necessidade tática.'

"Sunny?" indagou Ariandel sucintamente, ajustando o capuz. Antes de falar, ele havia olhado para Sunless e erguido a mão para silenciar Nephis.

Pela primeira vez, sua compostura irritante se mostrou reconfortante. Sunless lançou um último olhar ao distante Túmulo Cinzento e estremeceu.

"Há perigo à frente. Precisamos voltar para o Cume Ósseo. Eu explico tudo quando estivermos seguros no acampamento."

Ariandel espanou um pouco de areia das vestes de Cássia, seus olhos dourados, como espelhos de ouro polido, refletindo pensamentos silenciosos. Ele apenas acenou com a cabeça. Nephis também não questionou, a confiança entre eles já era suficiente para isso.

Sunless convocou o Eco, e Ariandel amarrou a corda dourada ao redor do torso da criatura, prendendo a sela improvisada de Cássia antes de ajudá-la a montar.

Sunless pegou as bolsas de sela e as prendeu de volta ao carcaceiro. Estavam prontos para partir.

Antes disso, no entanto, Nephis se aproximou da colina e limpou a areia de sua superfície.

Logo, uma rocha negra como ônix se revelou. Era idêntica à casca da colossal árvore no centro do Túmulo Cinzento.

A colina, na verdade, era apenas uma das gigantescas raízes da árvore, elevando-se levemente acima do solo do deserto.

Finalmente, começavam a entender o que drenara toda a vida daquele enorme trecho do labirinto carmesim.

***

De volta ao Cume Ósseo, os Dorminhocos estavam reunidos ao redor da fogueira. O cheiro de carne assada pairava no ar, fazendo o estômago de Sunless roncar. Mas ainda não era hora de comer.

Ele estava no meio de sua explicação.

"… e então, depois que o centurião se ajoelhou, outra criatura surgiu do topo do Túmulo Cinzento. Mas essa era diferente. Muito maior. Talvez o dobro do tamanho de um centurião. Parecia uma casa ambulante."

Nephis franziu a testa.

"Além disso, sua carapaça não era quitinosa. Era metálica. Duvido que consigamos cortá-la. Não vi brechas em sua armadura. Nenhuma."

Cássia engoliu seco e voltou o rosto para Ariandel, ao seu lado. Ele apenas segurou a mão dela, indiferente.

Sunless suspirou.

"E tem quatro braços. Dois com pinças. Dois com foices. E também… é mais humanoide. Tem quase um rosto. Um rosto horrível. Os olhos… bem, parece mais inteligente do que qualquer coisa que enfrentamos."

Nephis concluiu:

"Provavelmente um demônio desperto."

Sunless assentiu.

Por um momento, houve apenas silêncio...

Então ele cerrou os dentes, suspirou e lançou um olhar desconfiado para Ariandel e Nephis.

"Deixe-me adivinhar: vocês dois... querem matá-lo!"

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