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Chapter 4 - Capítulo 4 – Ecos no Gelo e Farpas no Peito

As montanhas de Varn holl não perdoavam. O frio mordia os ossos, o vento gritava como fantasmas presos nas pedras. Mas Velka andava como se aquilo fosse sua casa.

E era.

Seu esconderijo era uma caverna escavada na lateral de um penhasco, oculta por uma queda d'água congelada. Lá dentro, o ar era mais quente graças a um cristal mágico que pulsava com uma luz âmbar. Havia suprimentos, livros antigos, armas... e silêncio.

Muito silêncio.

— Dorme. Amanhã você começa a deixar de ser um fardo — ela disse, jogando uma manta para mim.

Eu devia estar exausto. Mas naquela noite, o sono veio apenas para me torturar.

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Sonhei com fogo.

Corpos caíam do céu como chuva vermelha. A terra se abria em gritos. No centro, uma figura... parada sobre um trono feito de espadas derretidas. Tinha cabelos prateados como cinzas, e olhos que pareciam rasgar o mundo com um só olhar.

— Akira Shinroz... sangue do meu sangue.

Herdeiro do caos, filho da ira.

Quando enfim me enfrentar, verá...

que somos dois lados da mesma maldição.

Acordei ofegante, o peito suado apesar do frio.

— Mais pesadelos? — a voz de Velka ecoou da outra extremidade da caverna.

Assenti. Ela caminhou até mim, sentando-se ao meu lado. Usava apenas uma camisa fina, e mesmo assim parecia não sentir frio.

— Ele falou comigo. Disse que... somos parentes.

Ela franziu o cenho.

— Quem?

— Caos. O líder da Ordem. Aquele que destruiu minha vila.

Velka encarou o chão por alguns segundos. Depois, pousou a mão no meu ombro.

— Então agora entendo por que sinto esse peso em você. A escuridão que carrega não é só sua. É herdada.

— E se eu acabar como ele?

— Então me prometa uma coisa. — Seus olhos encontraram os meus. — Se um dia eu vir você cruzar essa linha... eu mesma coloco uma flecha no seu coração.

Engoli seco. Ela dizia aquilo com dor, mas sem hesitação.

— Prometo. Mas você teria coragem?

— Talvez não — ela sussurrou, e antes que eu pudesse responder, seus lábios tocaram os meus.

Foi um beijo curto, mas intenso. Como tudo nela — força disfarçada de silêncio.

Ela se afastou, os olhos baixos.

— Amanhã, a dor vai começar. Vai me odiar. Vai sangrar. Mas no fim... vai estar mais perto de matar Caos. E talvez... de me entender também.

— Você acha que me entende?

— Ainda não. Mas quero tentar.

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