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Chapter 62 - Capítulo 62 – A Sombra por Trás da Luz

A chama que se fundira a Ryouma não era apenas energia. Era um pedaço de consciência — uma lembrança viva que queimava sua alma com a verdade. Por longos minutos, ele permaneceu de joelhos naquele espaço branco e sem fronteiras, ofegante, enquanto imagens e sensações colidiam dentro de sua mente como um turbilhão impossível de conter.

Ele viu o nascimento do Sistema.

Viu homens e mulheres de diferentes mundos sendo escolhidos, arrancados de suas realidades e lançados em versões distintas de Douluo Dalu. Alguns em épocas passadas, outros em eras futuras, cada um com seu papel, cada um com seu destino.

Viu os deuses da ilha divina debatendo entre permitir ou não tais interferências. Viu Rakiel, o deus caído da Verdade Oculta, sorrindo enquanto o caos se espalhava entre os planos. E viu algo mais... uma criatura envolta em névoa, com olhos como fendas escarlates que tudo viam. Essa entidade estava por trás da criação do Sistema — não como criador, mas como manipulador.

"Você é um catalisador", dissera o homem de antes. Agora ele sabia o que aquilo significava.

Ryouma era a faísca para um novo ciclo, onde os deuses seriam desafiados não por força... mas por consciência. Por sabedoria. Por liberdade de escolha.

Quando voltou a si, o espaço branco começava a se desintegrar, como um véu rasgado. O chão cedeu, e ele caiu — não no vazio, mas de volta à Floresta da Estrela Douluo, como se o tempo não tivesse passado.

Mas algo havia mudado.

Sua aura.

Seu olhar.

E o próprio Sistema.

A interface que surgia diante de seus olhos agora era mais limpa, refinada, quase viva. Como se o vínculo entre os dois tivesse se aprofundado. No topo, uma nova barra cintilava em ouro puro:

[Linha da Ascensão – Grau: Primordial]

Abaixo dela, notificações se empilhavam:

[Nova Habilidade Desbloqueada: Olhos da Fenda – Capacidade de ver fios do destino por breves instantes][Nova Função Ativada: Registro de Linhas Paralelas – acessar memórias de usuários anteriores][Despertar Espiritual: Espírito Marcial Primário Evoluído – Estado: Dormente até sincronia total]

Mas antes que pudesse processar tudo, um som cortou o ar. Um leve estalo. Um galho.

Ryouma se virou instintivamente, ativando os Olhos da Fenda pela primeira vez. Em um flash, viu a silhueta de um jovem se aproximando furtivamente pela floresta.

Tang San.

Vestido com seu traje azul característico, seu semblante era calmo, mas seus olhos... estavam atentos. Calculistas. E em sua mão, embora bem escondido, havia um fragmento de prata envolto em seda — uma arma oculta.

"Ele percebeu minha presença muito antes", pensou Ryouma.

— Você é forte demais para um aluno da academia — disse Tang San sem rodeios, saindo de trás das árvores.

Ryouma não respondeu de imediato. A tensão entre os dois era palpável, como cordas esticadas prestes a romper.

— E você é bom demais em se esconder para um simples estudante — rebateu, com um meio sorriso.

Tang San não sorriu.

— Vi seu confronto com os Mestres do Salão do Vento Celeste. A forma como controlou a destruição... você não é normal.

— E você também não — Ryouma replicou. — Seus movimentos... sua forma de analisar, sua calma. Você luta como alguém treinado desde a infância. Disciplinado. Como alguém... de um clã.

Por um momento, o silêncio pairou.

Tang San estreitou os olhos. Ele não era do tipo que se deixava levar por provocações. Mas o que aquele garoto sabia?

— Quem é você de verdade?

Ryouma deu um passo à frente, seus olhos agora perfeitamente calmos.

— Alguém que também está cansado de jogar conforme as regras dos outros.

Tang San não respondeu, mas seus dedos se moveram discretamente. Três agulhas de prata caíram entre seus dedos.

Ryouma notou.

Eles estavam a um fio de distância de lutar.

Mas então, algo inesperado aconteceu.

Um brilho vermelho surgiu no céu — como um sinal. Ambos os cultivadores olharam para cima. Um raio de luz desceu do céu, atingindo o coração da floresta. Era como um pilar de energia pura.

— Aquilo... — murmurou Tang San.

— Um Espírito Celestial de Rank elevado. Está prestes a despertar — Ryouma concluiu, sentindo o ar vibrar.

Ambos sabiam o que isso significava.

Um espírito daquele nível, despertando fora do controle da Seita da Besta ou dos Clãs de Controle... era uma oportunidade única.

E uma guerra iminente.

— Vamos. Podemos nos matar depois — disse Ryouma, já correndo na direção da luz.

Tang San hesitou por apenas um segundo... e correu atrás.

O centro da Floresta era uma área proibida para a maioria dos cultivadores. Ali, os maiores perigos residiam. Espíritos Bestas com mais de 50 mil anos, alguns até com inteligência próxima à humana.

Mas aquele sinal... era diferente.

Era mais antigo. Mais profundo.

Ao chegarem à clareira, os dois pararam bruscamente. No centro, um cristal gigantesco flutuava acima do solo, girando lentamente. Dentro dele, uma criatura humanoide dormia. Tinha asas negras e longas correntes presas aos seus membros. Seus olhos estavam fechados, mas o poder que emanava era aterrador.

— Isso não é um espírito comum — murmurou Tang San.

— É... algo selado. Um ser preso — completou Ryouma, já ativando seu Sistema.

[Análise Ativada]Nome: "Sentinela da Origem"Espírito: Forma Proibida – Rank: ???Estado: Instável / Hostil se perturbadoAviso: Presença de Selo Divino

Selo divino.

Ryouma sentiu um arrepio.

— Isso... não devia estar aqui. Nem nessa era.

Tang San, por sua vez, já havia ativado seus fios de controle espiritual. Pequenos fios azuis brilhantes envolviam seus dedos, prontos para agir.

— Se isso for despertado, toda a floresta será destruída.

Mas antes que pudessem decidir o que fazer, uma terceira presença chegou.

— Que surpresa encontrar vocês dois aqui — disse uma voz suave e feminina.

Xiao Wu.

Atrás dela, outros três alunos da Academia estavam em guarda.

— Vocês também viram o sinal? — perguntou ela.

Tang San assentiu, mas não tirou os olhos do cristal.

— Temos um problema.

A terra começou a tremer.

O cristal tremeu violentamente, e uma rachadura se formou bem no centro.

A criatura dentro abriu um dos olhos.

E tudo mudou.

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