Parte 1 – O Portão Para o Desconhecido
A estrada que levava Ryan Dawson e a prefeita Amelia Harper ao destino era longa, sinuosa e, acima de tudo, deserta. À medida que o carro se afastava da cidade, os arranha-céus em ruínas e as ruas sufocadas pelo crime davam lugar a um horizonte vazio. Hipton parecia uma lembrança distante, um mundo à parte.
Ryan observava Amelia pelo canto dos olhos. Ela estava tensa. Muito tensa. Uma tensão que nem a guerra nas ruas conseguira arrancar dela.
— Quer me dizer para onde estamos indo? — Ryan quebrou o silêncio, sua voz carregada de desconfiança.
Amelia manteve os olhos na estrada.
— Astra Corporation.
Um calafrio percorreu a espinha de Ryan.
O nome carregava um peso que poucos compreendiam. A Astra Corporation não era apenas uma empresa; era uma entidade. Pesquisas tecnológicas avançadas, contratos militares sigilosos e grande influência em todo o país. Hipton jamais deveria estar na órbita dessa organização.
— Desde quando Hipton aceita ajuda de megacorporações? — ele resmungou.
— Desde que foi encurralada contra a parede.
Ryan não respondeu. Apenas observou enquanto o carro passava por um portão fortificado e adentrava um complexo subterrâneo oculto no meio do nada. Segredos se escondiam ali. Segredos grandes.
E agora ele fazia parte deles.
Parte 2 – Encontro Com o CEO
O interior do complexo era impecável, frio e clínico, como um laboratório de ficção científica. O som de passos ecoava pelos corredores brancos. Ryan olhava ao redor, sentindo-se um estranho naquele ambiente. Era um lugar sem vida. Sem alma.
Então, ele apareceu.
— Sr. Dawson.
A voz era suave, mas carregava um peso inegável. Ryan ergueu os olhos e encontrou Gabriel Moreau, CEO da Astra Corporation.
O homem era alto, elegante, vestindo um terno impecável, imune a qualquer ruga. Cada movimento seu era medido, preciso. Seu olhar era analítico, como se já soubesse tudo sobre Ryan antes mesmo de abrir a boca.
— Pode pular a formalidade? Prefiro ir direto ao ponto.
Moreau sorriu, mas seus olhos permaneceram frios.
— Claro. Então, o que você faria para salvar Hipton?
Ryan estreitou os olhos.
— Qualquer coisa.
— Ótimo. Então você veio ao lugar certo.
Parte 3 – O Projeto Fúria Vermelha
Eles o levaram até uma sala subterrânea.
As paredes de vidro reforçado revelavam um laboratório onde engenheiros e cientistas trabalhavam em algo gigantesco.
No centro da sala, havia a armadura.
O Fúria Vermelha.
Um monstro de aço e circuitos, vermelho e negro como sangue coagulado. Havia algo nela que parecia… vivo. Linhas de energia pulsavam pelo exoesqueleto, uma respiração silenciosa de poder latente.
— O que diabos é isso? — Ryan perguntou, incapaz de desviar os olhos.
Moreau colocou as mãos nos bolsos, satisfeito.
— O próximo passo na guerra contra o crime.
Ele se aproximou do vidro, como um artista admirando sua obra-prima.
— Fúria Vermelha não é apenas uma armadura. É um amplificador.
Ryan lançou um olhar cético.
— Amplificador?
— A tecnologia foi desenvolvida para reagir às emoções do usuário. Mais especificamente, à raiva.
O silêncio na sala se tornou sufocante.
Ryan sentiu um peso estranho no peito. Algo perigoso.
— Ela se fortalece com a raiva? — ele perguntou.
Moreau sorriu.
— Sim. Quanto mais intensa a fúria, mais forte o usuário se torna. Mais rápido. Mais resistente. Mais implacável.
Ryan voltou a olhar para a armadura. Agora via algo mais ali. Algo que pulsava como um predador adormecido.
Amelia cruzou os braços.
— Eu trouxe você aqui porque a cidade precisa de algo além da polícia, Dawson. Precisamos de uma resposta que os criminosos temam.
Ryan sentiu um nó na garganta.
— E se eu me tornar tão perigoso quanto eles?
Moreau se virou para ele.
— Essa é a pergunta certa.
Parte 4 – O Preço do Poder
Ryan encarava a armadura, a mente fervilhando.
Ele queria vingança. Ele precisava de vingança.
Mas parte dele sabia que, se entrasse naquele traje… não haveria volta.
— Preciso que entenda algo, Dawson — Moreau disse, com calma cirúrgica. — O Fúria Vermelha não transforma ninguém. Ele apenas revela o que já existe dentro de você.
Ryan fechou os olhos por um segundo. Ele se lembrou da explosão. O corpo de Ethan carbonizado. Do grito preso dentro dele desde aquele dia.
Quando abriu os olhos de novo, já havia decidido.
— Como eu ativo isso?
Parte 5 – A Fúria Se Desperta
Minutos depois, Ryan estava dentro da armadura.
E o mundo mudou.
A dor veio primeiro. Uma onda quente e elétrica atravessando sua pele, seus ossos, seus músculos.O traje o envolvia, apertando-se contra seu corpo como se estivesse fundindo-se a ele.
Então, ele sentiu.
A raiva.
Os circuitos pulsaram como um coração. A energia vermelha o envolveu como uma tempestade. O visor exibiu leituras frenéticas. Frequência cardíaca disparada. Força muscular amplificada. Reflexos sobre-humanos.
O chão tremeu sob seus pés.
Ele não estava apenas vestindo a armadura. Ele era a armadura.
— Impressionante… — Moreau murmurou, observando a energia vermelha pulsar ao redor do traje.
Ryan fechou os punhos. O metal rangeu sob a pressão.
E pela primeira vez desde a morte de Ethan…
Ele sentiu que tinha o poder de fazer algo.
Mas algo dentro dele dizia que esse poder cobraria um preço.