Parte 1 – Uma Cidade sem Freios
A cidade se afogava em sangue.
Desde a explosão que matou Ethan McAllister, Hipton mergulhou no caos. A morte de um chefe de polícia já era um evento raro, mas o assassinato brutal de um oficial tão respeitado? Isso era uma declaração de guerra.
E a cidade respondeu.
Na delegacia, o telefone não parava de tocar. Assaltos à mão armada, tiroteios em becos, lojas incendiadas. A polícia já enfrentava dificuldades para conter a criminalidade antes…Agora, parecia que os criminosos sabiam que estavam no comando.
Para Ryan Dawson, tudo isso significava apenas uma coisa: os responsáveis pela morte de Ethan ainda estavam livres.
E enquanto eles estivessem livres, ninguém estava seguro.
Parte 2 – Uma Polícia em Ruínas
— Dawson.
A voz do capitão Holden Briggs trouxe Ryan de volta à realidade. Ele piscou e viu o homem parado ao lado de sua mesa. Nem precisou olhar direito para saber que eram más notícias.
— Você está fora da investigação sobre a morte do McAllister.
Ryan sentiu o sangue ferver.
— Você não pode estar falando sério.
— Você me ouviu. — Briggs soltou um suspiro cansado. — Você está emocionalmente envolvido, e eu não preciso de um policial obcecado por vingança estragando tudo.
Ryan se levantou tão rápido que a cadeira caiu para trás.
— Acha que eu vou ficar parado enquanto o desgraçado que matou Ethan continua solto?
— Se continuar assim, você vai acabar no mesmo lugar que ele.
Por um momento, nenhum dos dois falou. A delegacia ao redor seguia em frenesi, mas, dentro daquela sala, o mundo parecia suspenso.
— Pegue alguns dias, Ryan — Briggs disse, por fim. — Lide com isso, antes que isso acabe com você.
Mas Ryan já sabia a verdade.
Não havia mais nada dentro dele para ser destruído.
Parte 3 – Um Novo Rei
Enquanto a polícia tentava desesperadamente conter o caos, as ruas de Hipton mudavam de mãos.
No escuro de um antigo galpão industrial, Leprechaun acendeu um charuto com um isqueiro dourado e sorriu ao ver seu plano tomar forma.
À frente, os antigos capangas de Alberto Grotto estavam ajoelhados e algemados. Homens que juraram lealdade ao chefão do crime agora viam sua organização desmoronar diante de seus olhos.
Leprechaun caminhava entre eles, um sorriso preguiçoso nos lábios.
— O velho Grotto sempre dizia que era o rei dessa cidade. Mas sabem qual o problema dos reis?
Ele se abaixou diante de um dos homens e esmagou o charuto aceso contra sua mão, ignorando os gritos de dor.
— Eles sempre caem.
Alguns dos capangas fecharam os olhos, esperando a execução.
Mas Leprechaun deu um passo para trás e abriu os braços.
— Não sou um tirano, rapazes. Se quiserem trabalhar pra mim, sou até generoso. Mas, se quiserem continuar fiéis a um rei caído…
Ele pegou uma pistola e apontou para um dos homens.
BANG!
O silêncio foi absoluto. O cheiro de pólvora e sangue se misturava ao mofo do galpão.
Os capangas restantes engoliram em seco e abaixaram as cabeças.
Leprechaun sorriu.
— Agora sim.
Ele sabia que não bastava tomar o império de Grotto. Era preciso garantir que todos entendessem que ele mandava.
E, para isso, precisava de um golpe forte. Algo que sacudisse a cidade até os alicerces.
Parte 4 – O Caos nas Ruas
Ryan dirigia sem rumo, as luzes da cidade passando borradas pelo vidro do carro. Hipton nunca estivera tão fora de controle.
— Três delegacias atacadas.
— Cinco caixas eletrônicos explodidos.
— Duas lojas incendiadas.
Era como se os criminosos soubessem que ninguém iria impedi-los.
O rádio da polícia chiou.
— Temos um ataque em andamento na 7ª Avenida. Vários homens armados. Oficiais sob fogo.
O local era um inferno. Viaturas em chamas, policiais feridos no chão, criminosos atirando de prédios abandonados.
Ryan saiu do carro com a arma em punho e se lançou direto no combate.
— Dawson, recua! — gritou um policial próximo.
Mas Ryan não recuava.
Ele correu entre os carros, disparando contra os criminosos, enquanto cada batida de seu coração ecoava como um tambor de guerra.
— Abaixem as armas! — ele gritou, mas sabia que ninguém obedeceria.
Um dos homens correu para um beco. Ryan o perseguiu, saltando por destroços e desviando de balas.
Quando finalmente o alcançou, agarrou-o pela gola e o empurrou contra a parede.
— Quem mandou vocês?!
— Hipton não pertence mais a vocês. Leprechaun é o novo rei dessa cidade.
Ryan o soltou, e o homem escorregou pela parede até cair de joelhos no chão, ainda rindo, mesmo com sangue escorrendo pelo canto da boca. Seus olhos brilhavam com um misto de loucura e triunfo, como se já soubesse o desfecho daquele conflito.
— Vocês já perderam — ele sussurrou, cuspindo no chão ao lado do próprio joelho.
Ryan apertou os punhos, lutando contra o impulso de derrubá-lo com um soco. O som das sirenes ecoava ao longe, aproximando-se rapidamente.
Um policial entrou no beco, avaliando a cena antes de se abaixar para algemar o criminoso.
— Pegamos ele? — perguntou, ofegante.
Ryan não respondeu de imediato. Seu olhar estava fixo no homem à sua frente, cujo sorriso debochado parecia carregar um aviso silencioso. Algo maior estava por vir.
O caos ainda estava apenas começando.
O telefone de Ryan vibrou. Era Amelia Harper, a prefeita.
— Dawson, preciso de você na prefeitura. Agora.
Parte 5 – A Proposta da Prefeita
A sala da prefeita era um contraste gritante com o que acontecia lá fora. Um oásis de ordem no meio do colapso.
Amelia Harper estava diante da janela, olhando para a cidade como se tentasse mantê-la unida pela força do pensamento.
— A cidade está caindo, Dawson. Você sabe disso.
— Não precisa me lembrar.
Ela se virou, os olhos cravando nele.
— Você sabe que prender Grotto não adiantou nada. O crime é um câncer em Hipton. Para derrotá-lo, precisamos de algo mais.
Ryan franziu a testa.
— Do que você está falando?
Ela hesitou, como se considerasse se deveria dizer aquilo. Então, suspirou.
— A Astra Corporation tem algo que pode nos ajudar.
Ryan sentiu o nome pesar no ar.
Astra Corporation. Uma das maiores empresas do Canadá. Uma entidade poderosa, misteriosa.
— Preciso que você venha comigo — ela disse. — E quero que mantenha a mente aberta para o que vai ver.
— E se eu não aceitar?
Amelia sorriu de um jeito cansado.
— Então, pode continuar lutando nessa guerra sozinho…e perder.
Ryan olhou para a cidade pela janela. As sirenes, o fogo, o caos.
Então, sem mais perguntas, resolveu aceitar a proposta da prefeita.
O que quer que estivesse esperando por ele…
Mudaria tudo.