O silêncio era palpável, quebrado apenas pelo som da respiração pesada de Nami, Nojiko e Igaram. A cena era surreal: Mr. 5 e Miss Valentine, dois membros graduados da Baroque Works, simplesmente engolidos por portais luminosos e desaparecidos no ar. Todos os olhares se voltaram para Axton, buscando respostas em seu rosto impassível. A expressão do jovem, no entanto, era a mais perturbadora de todas: um sorriso inocente, quase infantil, contrastando grotescamente com a violência do que acabara de acontecer. Um arrepio coletivo percorreu o bando, e muitos desviaram o olhar, incapazes de sustentar o contato visual.
"O que diabos aconteceu?" Usopp gaguejou, a voz trêmula ecoando pelo silêncio. "Para onde você os mandou, Axton?"
Axton deu de ombros, como se comentasse sobre o clima. "Ah, nada demais. Apenas um pequeno desvio de rota."
"Desvio de rota?" Nami repetiu, incrédula. "Você os teletransportou para algum lugar? Para onde?"
"Um lugar... inconveniente," Axton respondeu, com um brilho enigmático nos olhos. "Digamos que eles não estarão nos incomodando por um bom tempo."
A resposta ambígua de Axton apenas intensificou a confusão e a apreensão do bando. A habilidade de criar portais, embora útil, era um mistério para todos, e a forma como Axton a utilizava, com uma aparente indiferença, era ainda mais perturbadora.
"Precisamos sair daqui," Vivi interrompeu, a voz firme cortando a tensão. "Esta ilha é perigosa."
A prioridade de sair da ilha, embora urgente, não dissipou a sombra da Baroque Works que pairava sobre eles. A pergunta que Axton havia deixado no ar ecoava na mente de todos: eram eles membros da Baroque Works? E se sim... cadê o resto?
Antes que pudessem se aprofundar na questão, voltaram suas atenções para Nami, Nojiko e Igaram, que ainda ofegavam após a fuga desesperada. Kaya, com sua habitual preocupação, examinava os três, certificando-se de que não haviam se ferido.
"O que aconteceu?" Vivi perguntou, a voz carregada de preocupação. "Como esses membros graduados da Baroque Works apareceram do nada?"
Igaram, recuperando o fôlego, respondeu com urgência: "Princesa Vivi, devemos partir o quanto antes. Crocodile sabe quem você é. Ele está agilizando seus planos em Alabasta para que aconteçam antes de você retornar ao reino. E colocou uma recompensa de cinquenta milhões de Berries na sua cabeça, oferecida pela Baroque Works."
Vivi empalideceu, a notícia a atingindo como um soco. O maldito Crocodile, sempre um passo à frente, estava antecipando seus movimentos. E aquela recompensa... ninguém na organização criminosa perderia a chance de capturá-la. Enquanto Vivi se perdia em pensamentos sombrios, Nami e Nojiko a observavam com olhos brilhantes, transformados em cifrões cintilantes.
"Ei, Axton, seu idiota de cabelos brancos," Sanji interrompeu, a voz carregada de raiva. Ele segurava Axton pela gola da camisa, chamas de fúria dançando em sua testa. "O que você fez com aquela bela senhorita, seu maldito? Como pôde sumir com uma dama tão encantadora?"
Sanji, consumido pela indignação, ameaçou chutar Axton até que ele trouxesse a "donzela" de volta. Mas antes que pudesse desferir um único golpe, um punho certeiro atingiu sua nuca, silenciando-o instantaneamente. Nami, com uma expressão furiosa, gritou: "Pare de ser idiota, pervertido! Ela era inimiga!"
Sanji caiu no chão, murmurando um "Sim, senhorita Nami" antes de perder a consciência. Nami, sem sequer se dignar a olhá-lo, se virou para Axton, com uma expressão inquisitiva.
"Ele fez uma boa pergunta, apesar de ser um idiota," ela disse, a voz carregada de curiosidade. "O que você fez com os dois?"
Axton, com um sorriso inocente, respondeu: "Eu os joguei em uma ilha cheia de animais perigosos."
Um arrepio coletivo percorreu o bando, com Igaram relembrando a periculosidade do jovem. Mas, para surpresa de todos, Axton começou a gargalhar, lágrimas escorrendo por seus olhos. "Desculpem, pessoal, era brincadeira! Não podia perder essa! A cara de vocês foi hilária!"
Após recuperar o fôlego, Axton explicou: "Eu só os prendi em uma sala onde o tempo está congelado. Se tiverem recompensas, vou vendê-los na próxima base da Marinha que encontrarmos. Se não tiverem, verei o que faço."
O bando assentiu, aliviado, mas ainda cauteloso. Aquilo era a cara de Axton. No entanto, em meio à conversa, todos se esqueceram de alguém importante: Monkey D. Luffy. O capitão, desinformado sobre a cilada de Whisky Peak, acordou em um salão devastado, cercado por "amigos" caídos e feridos.
"Ei, Bandana-Ossan," Luffy chamou, sacudindo um homem inconsciente. "Fala comigo! Você não pode morrer! Prometeu que me faria peixe assado!"
A preocupação de Luffy era genuína, embora a prioridade parecesse ser a comida. O homem, com o rosto inchado e os olhos fechados, pensou: "Seu moleque maldito! Eu aqui, todo machucado, e você pensando em comida, seu demônio glutão!" Mas não conseguiu pronunciar uma única palavra.
Luffy, confuso e preocupado, procurou por pistas sobre o paradeiro de seus companheiros. Logo, encontrou marcas de espada, três para ser exato. A raiva o consumiu. Alguém havia machucado seus "amigos", e ele encontraria o responsável.
"Zoroooooooooo!" Luffy gritou, a voz ecoando por toda a ilha.
No instante seguinte, um borrão vermelho passou pelo grupo, seguido por um estrondo ensurdecedor. Luffy, furioso, atacou Zoro, que se defendia com dificuldade. A troca de golpes era caótica, com Luffy xingando o espadachim e Zoro tentando explicar a situação.
Nami, exasperada, decidiu intervir. Com a ajuda de Axton, conjurou um portal. Um braço surgiu da abertura e desferiu um soco poderoso em Luffy, nocauteando-o instantaneamente. E assim, o caso de Whisky Peak foi encerrado, com um Luffy inconsciente.