O inverno se prolongou além do ciclo. O frio nunca partia, mesmo quando os sinos do degelo soavam. Era Therys. Com apenas três anos, a cada passo deixava o chão coberto de gelo raso. Seu olhar calava os ventos. À noite, sem saber, fazia flocos de neve dançarem sobre o berço. Os anciãos observavam em silêncio, temendo o que ainda viria.
Rhaziel, em contraste, era um incêndio inquieto. Ria com chamas nos olhos e chorava, soltando faíscas. Um dia, tocou um graveto seco — e ele ardeu sem fogo visível. Sua pele, antes rosada, agora brilhava em tons de âmbar quando ficava agitado.
Na Lua Rachada, ambos tiveram seu primeiro rompante. Therys caiu num sono profundo e o chão ao redor congelou por dezenas de metros. Rhaziel gritou ao vê-lo, e as pedras próximas se derreteram em brasas vivas.
As sacerdotisas reuniram-se em segredo. Notaram algo novo:As mãos de Therys já não brilhavam só em azul. Agora, branco-pálido cobria seus dedos.E Rhaziel? Sua chama cintilava com toques de laranja dourado.Era o começo.