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O legado de vydra

Samyra_Santana
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Synopsis
Alana Stilinsk, uma jovem de 16 anos, tem sua rotina comum transformada ao encontrar um colar com uma misteriosa pedra roxa. A partir desse momento, eventos inexplicáveis passam a ocorrer, revelando uma conexão ancestral e um poder oculto ligado à sua linhagem. Entre segredos familiares e forças desconhecidas, Alana descobre que sua vida jamais foi realmente comum - e que um antigo legado a aguarda.
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Chapter 1 - Capítulo 1- O encontro do colar

Alana Stilinsk nunca achou sua vida particularmente interessante. Aos 16 anos, morando com a mãe em Valedourado — uma cidade pequena, cercada por montanhas e silêncios — os dias se arrastavam em uma repetição cansativa. A escola era uma rotina entediante, os colegas raramente gentis, e o bullying fazia parte do seu cotidiano como o vento frio das manhãs de outono.

— Alguém aí sabe se a Alana já falou com um ser humano hoje? — ironizou Luiza, enquanto passava por ela no corredor, rindo com duas amigas.

Alana fingiu que não ouviu. Já tinha se acostumado. Em parte, era como se tivesse se tornado invisível. Em parte… ela preferia assim.

— Ei, Alana… — murmurou um garoto de moletom escuro atrás dela. Era Henrique, que às vezes parecia tentar ser legal. — Tá tudo bem?

Ela só assentiu com a cabeça, sem dizer nada. Ninguém realmente queria ouvir a resposta.

Enquanto isso...

Marisa Stilinsk olhava para o relógio pela terceira vez naquela noite. O macarrão já estava frio, e a televisão fazia companhia ao vazio da sala.

— Essa menina vive num mundo só dela — disse em voz baixa, mexendo distraidamente no celular. — Se pelo menos ela me contasse o que se passa…

Desde que o pai de Alana fora embora, Marisa tentava equilibrar trabalho, contas e uma filha cada vez mais distante. E, por mais que se esforçasse, parecia estar sempre do lado errado da conversa.

De volta ao parque...

Naquela noite, algo rompeu a monotonia.

Alana caminhava entre as árvores envoltas pela neblina, os passos abafados pelo tapete de folhas secas. Era sua parte favorita do dia — ali, entre os galhos retorcidos, ela podia respirar.

Foi então que viu o brilho.

Entre os arbustos, repousava um colar com uma pedra roxa intensa, quase hipnotizante.

— O que é você...? — sussurrou, ajoelhando-se.

Pegou o colar com cuidado. A pedra parecia pulsar suavemente, como se respirasse. Fascinada, ela o colocou no pescoço — e sentiu um leve calor onde a joia tocava sua pele.

Ao chegar em casa, a tensão foi instantânea.

— Você sumiu de novo! — gritou Marisa da cozinha. — Eu fico aqui preocupada, e você nem avisa!

— Eu só fui caminhar! Eu precisava de um tempo! — Alana rebateu, jogando a mochila no chão.

— Você nunca fala comigo, Alana! Você vive trancada nesse mundo... nesse silêncio!

— Porque você nunca ouve! — a voz dela falhou de raiva. — Você nem tenta me entender!

As palavras viraram gritos, as portas bateram com força. Alana correu para o quarto, desejando desaparecer. Foi só então, ao se olhar no espelho, que viu: o colar estava brilhando.

Um brilho fraco, mas constante — como se respondesse à sua raiva.

— O que você é...? — sussurrou, os olhos arregalados.

Passou a madrugada vasculhando sites obscuros.

— "Pedras espirituais que canalizam emoções"... "Talismãs antigos usados por bruxas para amplificar poder interior"... — murmurava, deslizando a tela. — Isso parece loucura... mas…

Nos dias seguintes...

Coisas estranhas começaram a acontecer.

Na escola, a tensão aumentava. Um grupo cochichava sempre que ela passava. Luiza, como de costume, liderava as provocações.

— Será que agora ela brilha no escuro também?

Henrique, novamente, tentou intervir.

— Tá bom, já deu, Luiza.

— Relaxa, super-herói — zombou a outra. — Só estou dizendo o que todo mundo pensa.

Na aula de biologia, ao ser chamada de "aberração" em voz baixa, Alana sentiu um calor repentino subir por dentro.

Ela olhou para a colega, e por um instante, o mundo pareceu parar. Sua visão oscilou, e ela teve certeza de que seus olhos… haviam brilhado.

— Respira, Alana — murmurou para si mesma, tentando conter o pânico.

Naquela noite, Marisa entrou em silêncio no quarto da filha. Viu a luz do monitor ainda acesa, o colar repousando no criado-mudo. A filha dormia, cansada, encolhida.

Ela suspirou.

— Eu só queria saber como te alcançar de novo…

Alana ainda não sabia, mas sua vida comum havia terminado naquela noite no parque. E uma nova história — feita de magia, segredos e perigos — estava apenas começando.