— Eu nasci no mesmo dia que o Naruto Uzumaki. — A voz soou clara, orgulhosa, com um leve tom de dramatização. — Mas enquanto ele chorava pelos braços de um Hokage, eu... eu gritava entre as chamas da tragédia.
Karin Uzumaki cruzou os braços, erguendo uma sobrancelha. — Lá vem.
Miyari Yuki, sentada sobre uma pedra coberta de musgo, inclinou-se para frente, curiosa. — Espera. Isso é sério?
Ōtsutsuki Arthur ergueu um galho seco, como se fosse um cetro sagrado, apontando-o para o céu nublado acima deles.
— Naquela noite, o mundo sussurrou meu nome. Riku, disseram eles. Mas esse nunca foi meu nome verdadeiro. Não... eu sou mais que isso. Eu sou um eco de eras perdidas. Um fragmento do destino. Um...
— Um dramático — murmurou Karin.
— Um mistério — completou Arthur, ignorando a interrupção, enquanto dava um giro teatral com a capa puída que usava nos ombros. — Meus pais? Assassinados friamente por ninjas encapuzados. O chão ainda manchado com o sangue deles, o céu chorando relâmpagos como lamentos divinos!
— Você acabou de dizer que o céu estava sem nuvens — observou Miyari.
— Detalhes! — Arthur rebateu, girando nos calcanhares. — Vocês não entendem a dor, o sofrimento, o peso de despertar um Rinnegan enquanto segurava o corpo da minha mãe, minha querida Hana, nas mãos trêmulas!
As duas garotas se entreolharam. Karin franziu o cenho.
— Espera. Você está dizendo que despertou o Rinnegan com cinco anos?
— Sim! — Arthur estalou os dedos, como se fosse óbvio. — Um fenômeno sem igual, comparável apenas ao nascimento do próprio Rikudō Sennin! Meus olhos arderam como mil sóis, e com um olhar, apaguei os assassinos da existência.
— "Apaguei"? Tipo… você matou eles?
Arthur olhou para Miyari com intensidade.
— Não apenas matei… purifiquei.
Miyari olhou para ele sem expressão.
— E como você sobreviveu depois disso, ó poderoso purificador?
Arthur se sentou com uma perna cruzada, assumindo uma pose pensativa, quase melancólica.
— Tornei-me um andarilho. Um fantasma nas florestas. Um suspiro nas sombras. Eu vivia do que a natureza dava: raízes, frutas, e o medo que causava nas criaturas que ousavam me encarar.
— Tá bom, "Senhor da Floresta" — disse Karin, rolando os olhos. — E onde estavam os ANBU? Ninguém foi investigar um garoto de cinco anos com o Rinnegan no meio do nada?
— Ah! — Arthur levantou um dedo, como se esperasse por essa pergunta. — Porque ninguém sabia. Eu fugir de Konoha e escondi meus olhos por anos. Treinei no topo de montanhas. Meus únicos mestres: a dor e o instinto.
— Isso está ficando pior — Karin sussurrou para Miyari.
Arthur ergueu-se de repente, olhos brilhando com convicção.
— Eu poderia ter dominado vilas! Eu poderia ter incendiado tronos! Mas não… escolhi a solidão. Porque, no fundo, eu sabia, esse poder não era um presente. Era uma maldição.
Karin olhou para ele como se tivesse vendo um lunático, quem é o idiota que diz que o Rinnegan era uma maldição.
— E depois daquela noite — começou Arthur, deitado de costas sobre uma pedra quente, encarando o céu — eu desapareci. Como a névoa ao amanhecer. O garoto com olhos divinos, tragado pelo silêncio da floresta.
Karin bufou. — Tá. Mas e comer? Dormir? Você tinha cinco anos! Isso é impossível.
— Nada é impossível quando a dor se torna sua professora, e a solidão, sua irmã — retrucou ele com um tom poético forçado.
Miyari colocou a mão na boca enquanto virava a cara para não rir.
— Passei os primeiros meses me escondendo entre as raízes das árvores, dormindo em cavernas, comendo o que conseguia caçar ou roubar de carroças. Fui mordido por cobras. Perseguiam-me lobos. Uma vez lutei contra um javali do tamanho de um touro!
— Um javali do tamanho de um touro — repetiu Karin, com sarcasmo. — Você anotava isso em um diário?
— Eu tatuava na alma — disse ele, teatralmente, apoiando a mão no peito.
— E não encontrou nenhuma vila? Nem caçadores? Nada?
— Encontrei, sim. — Arthur sentou-se, agora com o olhar mais baixo. — Mas quando vi crianças da minha idade sorrindo com os pais... comendo pão quente... dormindo em camas... algo dentro de mim se partia. Eu sabia que se me aproximasse, eles veriam. Sentiriam. Algo em mim sempre afastava as pessoas. Era como se o mundo dissesse: "ele não pertence a lugar nenhum."
Miyari pareceu menos cética, dessa vez.
— Então você só vagou?
— Sim... mas não só por florestas. Com o tempo, aprendi a ouvir o mundo. Cada animal, cada corrente de vento, cada pedra no caminho parecia me ensinar algo. Aprendi a andar sem ser ouvido. A escalar sem deixar rastros. A observar antes de atacar.
Ele fez uma pausa dramática, olhando para as duas.
— Tornei-me o que muitos chamam de "lobo sem matilha". Um nome que sussurravam em fogueiras. Um fantasma com olhos púrpura. Um andarilho de palavras doces e passos invisíveis.
Karin o olhou com falso espanto. — Espera. Você tá dizendo que tem gente falando sobre você por aí?
— Não muitos — disse ele, sorrindo de canto. — Só os que sobreviveram.
O silêncio caiu como uma pedra.
Arthur abaixou o tom de voz. — Um dia, um grupo de bandidos emboscou uma vila nos arredores do País da Chuva. Eu estava por perto. Vi tudo. As pessoas gritavam. Ninguém para protegê-los. Os ninjas da região? Nem sinal.
— E você salvou todo mundo — disse Karin, com a voz cheia de ironia.
— Claro que não. — Arthur deu de ombros. — Eu era só um garoto. Mas naquela noite... algo despertou de novo. Usei o que sabia. Sabotagem, armadilhas, truques. Espalhei fogo nos estoques de pólvora dos bandidos. Fiz parecer que era um ataque de alto nível. Deixei marcas falsas de uma técnica de sangue, só pra espalhar o medo.
— Tá dizendo que blefou?
— Blefei com estilo — respondeu ele, piscando para Miyari.
— E funcionou?
— Eles correram. Um deles até se mijou. Literalmente.
As duas ficaram em silêncio. Karin suspirou.
— Tá bom. Vou fingir que metade disso é verdade. E depois?
Arthur olhou para o céu, como se buscasse as palavras certas.
— Depois eu fui embora. Sempre fui embora. Salvava quem dava pra salvar. Evitava lutar quando podia. Nunca procurei reconhecimento. Só o silêncio. Só... paz.
Miyari observou o brilho estranho nos olhos dele com seu próprio olhar confuso.
— Nunca buscou reconhecimento? Não foi você que se juntou a aldeia da grama somente para participar do exame chunin que esse tal de Naruto estava participando só para lutar contra o filho do Kazekage e o Uchiha e fazer as pessoas te admirarem?
Arthur fechou os olhos por um instante.
— Hum... Tee-Hee.
E com sintonia de invejar o time 7 de konoha Karin e Miyari o chutam.
Enquanto caia da pedra que estava deitado só um pensamento passava pela mente de Arthur.
— Droga, Malditas mulheres.