Ryouma sentia o vazio ao seu redor como se estivesse flutuando em um mar de escuridão infinita. Seu corpo estava em um estado de suspensão, como se o tempo e o espaço tivessem deixado de existir. A única coisa que ele conseguia perceber era o zumbido constante, como uma onda de energia primordial que pulsava em seu interior. O Nexus Primordial, o mesmo que ele havia invocado, agora o consumia por dentro, como se ele estivesse sendo absorvido por algo muito maior, algo que transcendia até mesmo os limites dos espíritos marciais.
Ele não sabia o quanto tempo se passou. As memórias da clareira, do momento de tensão, da luz cintilante das estrelas, estavam se desvanecendo em sua mente. Tudo parecia estar se desfazendo, e Ryouma não sabia o que estava acontecendo, mas uma coisa era certa: ele não podia simplesmente sucumbir àquela escuridão. Não agora.
Com uma força que ele não sabia que ainda possuía, Ryouma reuniu os últimos vestígios de sua vontade e gritou, tentando cortar a energia que o envolvia. Ele não era um ser comum. Ele havia sido treinado em um mundo onde superação e resistência eram as únicas opções. Se algo ou alguém iria decidir seu destino, ele seria o responsável por esse caminho.
No entanto, quando ele abriu os olhos, não estava mais na floresta. Ele não estava mais em seu mundo.
Ele estava em um vasto vazio, onde a única coisa que ele conseguia distinguir era um grande monólito flutuante diante dele. Era feito de uma pedra escura e polida, com inscrições que pareciam se mover e brilhar com uma luz própria. O Nexus Primordial. O monólito era a própria fonte da energia que havia desencadeado toda essa situação. Mas, ao contrário de antes, ele não estava mais apenas sendo consumido por ele; agora, ele estava sendo chamado.
Um estrondo ecoou em sua mente. As palavras, embora distorcidas, eram claras.
"Você é o escolhido. O poder que você busca já está dentro de você, mas para acessá-lo, deve fazer uma escolha. O que você será? O salvador deste mundo ou seu destruidor? O Nexus não escolhe, ele apenas revela. A decisão é sua."
Ryouma sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele não estava preparado para ouvir aquelas palavras. Nunca imaginou que seu destino seria tão grave, tão atrelado a forças além de sua compreensão.
— "O que você quer dizer com isso?" — Ryouma questionou, sua voz reverberando no vazio.
O monólito brilhou intensamente, suas inscrições se distorcendo ainda mais, formando padrões incompreensíveis. Uma segunda onda de poder invadiu seu corpo, fazendo-o cair de joelhos, lutando para manter o controle. Ele sentiu como se estivesse sendo dilacerado de dentro para fora, como se estivesse enfrentando uma força que poderia reescrever sua própria essência.
A dor era insuportável, mas ele resistiu. Ele não poderia permitir que aquilo o derrotasse.
"O poder que você carrega é imenso, mas não é sem preço. Você será testado. O Nexus não escolhe por você, mas oferece os meios para a sua evolução. O que você fará com isso, não depende de ninguém, apenas de você."
As palavras ficaram gravadas na mente de Ryouma, como uma verdade inescapável. O que ele faria com esse poder? O que ele escolheria? Ele não tinha respostas, mas uma coisa ele sabia: seu destino estava nas suas mãos, e ele não iria permitir que fosse ditado por uma força externa, por mais poderosa que fosse.
Ele se levantou com dificuldade, ainda sentindo as energias do Nexus circulando em seu corpo. Ele poderia sucumbir à dor, poderia deixar a escuridão tomá-lo. Mas não seria esse o caminho que ele escolheria. Ele não era mais um mero espectador de sua própria história. Ele estava escrevendo sua narrativa, e ele decidiria o final.
As imagens das lendas antigas começaram a fluir em sua mente. Ele viu guerreiros, heróis e até mesmo aqueles que se perderam no poder. Tudo aquilo o levou a uma conclusão. Se ele fosse sucumbir, que fosse por sua própria escolha. Mas, se fosse triunfar, que fosse também por seu próprio mérito.
Ele olhou para o monólito mais uma vez e estendeu a mão. O monólito respondeu instantaneamente, irradiando uma onda de energia que o envolveu completamente. Não era uma luz quente e acolhedora, mas uma força fria e desafiadora. O poder que ele buscava agora estava ao seu alcance, mas ele sabia que, ao tomá-lo, não haveria mais retorno.
Com um último suspiro, Ryouma deixou sua mão tocar o monólito.
O impacto foi imediato.
O mundo ao seu redor pareceu se desintegrar enquanto uma onda de energia o atravessava. Ele sentiu sua alma ser rearranjada, seu corpo se transformando em algo novo. Ele não estava mais apenas Ryouma. Ele não era mais o jovem de outro mundo. Ele havia se tornado algo além da compreensão humana, algo que desafiava as próprias leis da realidade.
Seus olhos brilharam com a luz das estrelas, e sua aura se expandiu, tomando a forma de um dragão celestial, imenso e imponente. Era como se o Nexus Primordial tivesse sido integrado em sua essência, tornando-o um com a energia que antes o consumia. Ele não era mais um ser limitado pela mortalidade. Ele havia ultrapassado os limites de seu ser, transcendendo tudo o que o havia formado até aquele momento.
Porém, não era apenas uma ascensão simples. Não era uma elevação para a glória. Ele sentia a pressão da responsabilidade, o peso de sua própria escolha. Agora, ele estava diante de uma bifurcação final. O poder do Nexus Primordial não poderia ser controlado facilmente. Ele sabia que, ao usá-lo, ele poderia se tornar uma força de destruição incomparável, mas também poderia ser um agente de transformação, de mudança.
O monólito à sua frente se despedaçou, revelando uma enorme onda de luz que se espalhou por toda a dimensão. O que Ryouma faria a seguir? Ele tinha as respostas para todas as perguntas, mas ainda restava uma dúvida crucial: como usaria o poder que agora possuía?
Antes que pudesse refletir mais profundamente, uma figura apareceu diante dele. Era uma mulher, com olhos brilhantes como estrelas e cabelos que pareciam feitos de pura luz. Ela era imponente, e sua presença irradiava uma energia que era ao mesmo tempo familiar e estranha.
— "Você está pronto, Ryouma?" — ela perguntou, a voz ecoando no vazio.
Ele respirou fundo, sentindo a imensidão do poder em seu interior.
— "Estou." — Ele respondeu, com uma confiança que não sentia antes.
A mulher sorriu, um sorriso cheio de segredos, e estendeu a mão. Ela estava oferecendo algo, mas Ryouma sabia que ele não poderia simplesmente aceitar sem compreender as implicações.
— "Então, venha. O caminho do verdadeiro poder está à sua frente."
E com essas palavras, Ryouma deu um passo à frente, rumo a um destino que ele ainda não entendia completamente, mas que estava decidido a conquistar.