A sala estava impregnada com a energia residual do confronto. O ar, agora carregado de uma tensão palpável, parecia pesar sobre os ombros de ambos, como se o mundo ao redor os observasse, aguardando o próximo movimento. Ryouma e Tang San estavam frente a frente, seus espíritos ainda entrelaçados na luta silenciosa, como se o universo inteiro estivesse testemunhando o desenrolar de um destino inevitável.
Tang San respirou profundamente, a dor em seu corpo e a fadiga começando a se fazer sentir. O impacto da Corrente da Ruína Eterna ainda ecoava em sua mente, mas algo em seu interior havia despertado. Ele sentia uma chama crescente dentro de si, uma força não só de seu espírito, mas também de sua vontade. Ele havia sobrevivido àquela pressão, havia conseguido se manter de pé diante de Ryouma, e isso significava algo. Não seria fácil derrotá-lo, mas ele não permitiria que aquele homem, estranho e desconhecido, destruísse o que ele havia construído.
— Então, você realmente tem o poder de me fazer lutar como nunca antes. — Tang San disse, sua voz calma, mas carregada de determinação. — Não importa o que você queira, Ryouma. Eu não vou deixar você destruir tudo o que eu protejo.
Ryouma apenas o observou, um leve sorriso nos lábios, como se estivesse curioso sobre a reação do jovem discípulo.
— Você é persistente, Tang San. Eu gosto disso. — Sua voz era fria, mas a intensidade do olhar não passava despercebida. — Mas, como você deve saber, essa luta não é apenas sobre força. Não é sobre se você consegue sobreviver à pressão. Isso é apenas uma parte do jogo. O verdadeiro desafio é saber até onde você está disposto a ir para alcançar seus objetivos.
Tang San apertou os punhos, seu espírito de Lobo Azul ressoando dentro de seu corpo com uma intensidade renovada. Ele sentia que, a cada palavra, a cada ação de Ryouma, mais e mais da trama do destino se desintegrava ao seu redor. Esse não era mais um simples encontro entre dois combatentes. Isso transcendia a luta física. Era um confronto de vontades, de destinos, de universos inteiros se chocando. E naquele momento, Tang San sabia que não poderia mais hesitar.
— Eu não vou permitir que você destrua tudo o que eu construí. — Tang San disse, seus olhos agora brilhando com uma luz intensa. — Não importa o quanto você tente, você nunca vai ser mais forte do que o que eu defendo.
Ryouma deu um passo à frente, sua aura se expandindo ainda mais. Ele sabia o que Tang San estava tentando fazer. Estava tentando se convencer de que o que defendia era mais importante do que a força. Mas para Ryouma, não havia nada mais frágil do que as motivações humanas, os laços que eles formam. Em sua visão, esses laços eram efêmeros, como fios de seda prestes a se romper a qualquer momento. Ele era o erro no sistema, a falha que iria corrigir tudo. E nada, nem mesmo Tang San, poderia impedi-lo.
— Vamos ver até onde você está disposto a ir, Tang San. — Ryouma murmurou. — Eu não preciso destruir sua Seita Céu Claro. Eu preciso apenas mostrar a você que o seu destino já está selado. Que sua resistência é apenas uma ilusão.
Com um movimento abrupto, Ryouma fez a Corrente da Ruína Eterna avançar novamente, envolvendo Tang San em um laço imenso de energia distorcida. A pressão foi instantânea, como se o próprio espaço estivesse sendo comprimido. Tang San gritou, mas não desistiu. Ele sabia que a verdadeira luta estava apenas começando.
— Corte do Lobo Azul! — Tang San gritou, seu corpo irradiando energia enquanto sua técnica mais poderosa era liberada. A lâmina de energia cortante formada por sua aura espiritual atravessou a corrente, rasgando a distorção e criando uma abertura. Mas, ao mesmo tempo, Ryouma reagiu, suas correntes se contorcendo e se remodelando, formando uma nova barreira.
A batalha entre os dois estava se intensificando. Cada movimento de Ryouma era um teste para a resistência de Tang San, e cada ataque de Tang San era uma tentativa desesperada de quebrar a força implacável de seu inimigo. A cada troca de golpes, a luta se tornava mais e mais uma batalha de mentes, de estratégias, de forças espirituais se colidindo.
Mas Ryouma estava ciente de que a verdadeira chave para essa luta não era derrotar Tang San. Não ainda. Ele queria ver até onde o discípulo da Seita Céu Claro era capaz de ir. Ele queria ver até que ponto sua determinação iria, qual linha Tang San estaria disposto a cruzar para proteger o que considerava ser o certo.
— Você acha que pode lutar contra o inevitável? — Ryouma disse, a voz carregada de um tom quase filosófico. — Não importa o quanto você resista. O destino está em minhas mãos agora. E você... você está apenas prolongando o sofrimento.
Tang San não respondeu, mas seus olhos brilhavam com a mesma chama que havia acendido sua alma na primeira vez que sentiu o peso da Corrente da Ruína Eterna. Ele não estava mais lutando apenas por si mesmo ou pela Seita Céu Claro. Ele estava lutando pela verdade de sua própria existência, pela certeza de que seu caminho ainda não estava selado. A luta de Ryouma era uma tentativa de arrancar-lhe isso, e ele se recusava a permitir.
Com uma força renovada, Tang San avançou mais uma vez, seu corpo girando em torno de si mesmo com a agilidade e velocidade de um relâmpago. Seus punhos estavam cobertos por energia espiritual, e a força do Lobo Azul crescia, dominando sua aura.
Ryouma, por sua vez, também estava imerso em uma estratégia própria. Ele não usava sua força total. Ele sabia que, para quebrar a resistência de Tang San, teria que ir além. Ele aumentou a intensidade da Corrente da Ruína Eterna, fazendo-a se expandir, criando um laço que aprisionava Tang San de todos os lados.
E foi quando isso aconteceu que Ryouma percebeu algo.
A energia de Tang San estava começando a se expandir para além dos limites naturais. Algo dentro dele, algum poder adormecido, estava despertando. O espírito do Lobo Azul, embora ainda sendo pressionado, começava a se expandir em uma nova direção. Era como se a própria essência de Tang San estivesse se conectando a algo maior, algo transcendental. E aquilo… aquilo era a verdadeira força dele.
— Ressurgimento do Lobo Celestial! — Tang San gritou, e com isso, uma onda de energia pura irrompeu de seu corpo.
Ryouma, pela primeira vez, franziu a testa. Ele sentiu isso. A força que estava surgindo de Tang San não era algo que ele pudesse controlar facilmente. O poder do Lobo Azul, agora em sua forma mais pura, começou a desafiar a própria Corrente da Ruína Eterna.
Mas Ryouma não estava pronto para ceder. Ele apertou os dentes, sentindo a pressão aumentar em seu corpo. Ele sabia que essa luta estava longe de acabar. O jogo havia mudado. E agora, a verdadeira batalha de vontades estava prestes a começar.