Com o coração satisfeito, o estômago farto, e o corpo e a mente exaustos após um longo dia de tensão e uma angustiante noite de horror, cada um deles foi implacavelmente vencido pelo sono.
Meus companheiros foram direto para o quinto céu.
Desta vez, até eu aproveitei um pouco da suntuosa refeição — preparada com a proficiência gourmet que desenvolvi em meus sonhos, e temperada com uma catarse epifânica.
Felizmente, apesar de minha constituição onírica me negar o apetite — isto é, manter-me sempre sem o melhor dos temperos: a fome — ainda sou capaz de desfrutar de um prato se for pelas sensações que, às vezes, levam alguém a comer mesmo já estando de estômago cheio.
"Ahh~"
Assim como essa xícara de ouro negro em minhas mãos.
"Café~"
Saboreando mais um gole da doce bebida sem açúcar, senti-me pronto para continuar lidando com a Vida.
Começando pela minha página de runas.
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[Manifestação da Alma Lírica].
Descrição da Habilidade: [Sua alma manifesta a forma de seu coração: ???]
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Bem... que pepino.
'Minha geada da alma' foi-se junto com as lágrimas...'
Hum... sejamos positivos:
'Assim, eu não preciso continuar sofrendo...'
Agora... o que fazer?
'Hum...'
Primeiramente, sejamos menos tímidos?
'Afinal, já eu conquistei alguma confiança de guerreiro ao longo destas semanas.'
Emergi a metade de minha consciência, que havia sido enviada para meditar no Mar da Alma, e então "despertei".
Movendo meus olhos agora abertos, olhei para meus companheiros dorminhocos:
Minha amiga recatada — Cássia — estava deitada próxima a mim, pacificamente. Ela sorria sutilmente em seu repouso, exaltando o encanto sutil — de tirar o fôlego — de sua beleza angelical;
Minha amiga radiante — Nephis — estava um pouco mais distante, dormindo recostada contra o tronco da Árvore Devoradora de Almas. Seu rosto pacífico seria descrito como belo e vulnerável;
Meu amigo sombrio — Sunless — estava um tanto mais afastado, transmitindo uma rara paz. Talvez esse pudesse morrer contente após comer seu primeiro prato de bife de demônio requintadamente preparado.
Me dirigi à sombra dele:
"Não se preocupe muito em despertar seu mestre quando os pássaros vierem. Eles não pousarão no Túmulo Cinzento."
Um sorriso cresceu em meus lábios.
"Vou escalar o Terror para resolver uns assuntos familiares, e volto em algumas horas."
Em resposta, ela acenou com a mão, comunicando algo como:
"Okay, mas se cuide um pouco. Deixe o idiota e seus amigos comigo."
Assenti educadamente em gratidão, e me afastei com silenciosa discrição. Assim, deixando o grupo para trás, iniciei minha peregrinosa escalada pelo tronco monumental.
...
O primeiro trecho foi o mais difícil, já que eu não tinha bem onde me segurar.
Simplesmente alcançar os primeiros galhos da árvore milagrosa exigiu um esforço considerável — e um cuidado que me fez cogitar interromper minha mente dividida, para focar totalmente em agarrar nas saliências e pequenas rachaduras da casca lisa.
No entanto, eu não queria deixar de torcer minha mente para torná-la cada vez mais hábil em múltiplas tarefas simultâneas. Afinal, aquilo que eu anelava para ela só poderia ser alcançado pela diligência e comedida atenção.
'De qualquer forma, eu já estou me acostumando.'
Os primeiros galhos eram largos como estradas. Inalei profundamente, deixando o ar da manhã encher meus pulmões com seu frescor.
'Mas, realmente...'
Poder converter essência onírica em oxigênio e trifosfato de adenosina — para nutrir o corpo diretamente e ser, efetivamente, incansável.
'... que conveniente, esse [Ser Onírico].'
O vento das alturas movia-se entre as folhas vermelho-sangue, proclamando uma melodia serena e acolhedora.
E devido aos raios de sol que rompiam a magnífica copa da árvore negra como obsidiana, a paisagem daqui de cima era simplesmente de tirar o fôlego.
Exalei um tanto impressionando, enfeitiçado pela grandiosidade de tudo aquilo.
...
'Havia algo sobre: "não olhar para baixo quando se está perigosamente pendurado num lugar de onde a queda seria, simplesmente, fatal?"
Certo?
Sim, certamente havia.'
Continuei subindo, cada vez mais alto... cada vez mais distante do solo de areia cinzenta lá embaixo...
'Tch...
Sinto que estou desperdiçando a oportunidade de fazer alguma...
'jest'...'
...
O labirinto de madeira desperta do sexto nível era formado por galhos largos e robustos que cresciam desordenadamente em todas as direções.
Alguns eram torcidos, outros cruzados, e, em meio a tudo isso, folhagens espessas obstruíam a visão de "seja lá o que você procura".
...
Encorajado, continuei escalando em busca do 'El Dorado'.
...
O tempo passava muito lentamente. E eu observei meu eu, fora de meu Mar da Alma, escalar a parede negra lustrosa com intuição e incansável persistência — já a quilômetros da segurança do solo… um solo que, na verdade, não era nada seguro.
...
Depois de um longo tempo, Ariandel finalmente suspeitou ter subido alto o bastante para retomar sua busca.
Não se sabia ao certo por quanto tempo ele escalara a parede monumental de madeira obsidiana, mas a visão dos galhos — agora bem menos largos — indicava que o Artesão da Fantasia estava mais próximo do topo da árvore do que de qualquer outra coisa.
Pisando sobre outro galho, em mais uma tentativa, ele olhou de um lado para o outro com atenção e paciência.
E, de súbito, seu belo rosto mudou sutilmente.
Ele fora tocado por uma certa estranheza.
Suas feições suaves e decididas, realçadas pela pele morena luminosa e emolduradas pelos cabelos alvos ondulados, expressando—
"Por que eu estou narrando em terceira pessoa?
E...
o que há com essa auto apreciação toda!
Eu... que...
Ahh! Eu... que vergonhoso..."
Contorcendo-me de constrangimento e relutando contra o calor em minhas bochechas, recuperei minha razão.
Me afastei do tronco da grande árvore e segui ao longo de mais um galho, que também balançava suavemente sob os meus passos.
Então, pulei para outro — e depois, outro... Assim, eu participava da melodia cantada pelas folhas e pelo vento, adicionando meu próprio ritmo ao seu farfalhar.
No caminho, várias frutas negras e lisas se refletiram em meus olhos dourados espelhados, mas apenas passei por elas sem dedicar-lhes um segundo olhar — afinal, eu não sentia fome.
Foi somente quando os galhos sob mim já eram tão finos e quebradiços quanto os de uma árvore mundana que finalmente vi a estranheza que eu tanto procurava.
Estava logo mais acima, à esquerda: uma folhagem vermelho-sangue, espessa e iluminada por um resplendor solene — entre galhos retorcidos, como se suportassem o peso de algo considerável.
Eu apenas observei por sete minutos, permitindo que a cena se pintasse em meu coração — e que, ao fazê-lo, desse forma ao inefável que em mim repousava.
Minha expressão permaneceu serena, mas eu ainda senti algo precioso arder suavemente em meu olhar.
Inclinando-me momentaneamente, empurrei-me gentilmente para cima e para a esquerda.
Sobre os galhos que subiam e desciam ao ritmo de meus passos, segui em frente com graça confiante.
Então, saltei cruzando a queda fatal e agarrei-me a um galho mais alto.
Içando-me para cima, segui adiante. Caminhei calmamente até a barreira de folhas e abri meu caminho à força.
Meu desejo e minha vontade logo me levaram até a última camada da obstrução.
Dei o último passo à frente.
E assim, o que eu buscava se desvelou diante de mim.
[Sétima Relíquia do Tear da Fantasia: Terminus Est — imagem conceitual restaurada.
[Manifestar o Espirito da Espada?]